terça-feira, maio 09, 2006

Vida

O meu Deus não é pagão. Não é um Deus consagrado ao que quer que seja. Ou talvez não. Talvez seja consagrado a mim, visto que é uma concepção minha. Afinal de onde veio o universo… o ar que respiro… a simples rosa do meu jardim. Será que de uma “mente” brilhante, ou de um mero processo evolutivo. Se assim foi, de onde é que tudo começou? Do nada? Então ao nada tornará, ou simplesmente continuará a corporizar parte do nada ou o nada por inteiro. Sim, múltiplas questões, múltiplos caminhos, hipóteses intermináveis.
Qualquer que seja a origem daquilo que vivo, tenciono viver ou que penso viver, o que importa não são os infindáveis anos que existem atrás de mim e que continuarão inexoravelmente a existir quer eu respire, viva ou morra. Não importa se uma mão do Além me arquitectou vigorosamente dando-me um corpo, e quiçá algo sem matéria a que me habituaram a chamar de alma. Tudo isto não importa porque se importasse a minha existência seria vil e vã. Que me interessa se a Terra tem 4.600 M.a, se os fósseis são testemunhos de vida… Tudo isso teve o seu tempo, quando foi tempo de alguma coisa. Foi um ciclo, acabou. Tal como em tudo na vida, na morte ou na mera existência.
Dá jeito acreditar numa vida para além da suposta última morada, com muitas flores, rezas, uma ou outra lágrima em cima da lápide. Mas, por outro lado, tudo isso é demasiado vazio. Se há ou não algo soberano, para lá do sítio em que os pássaros voam, possivelmente eles o saberão, pois eu nunca vi. È verdade que não são os meus olhos que dão existência ao que quer que seja, mas é com eles que a realidade se afigura perante mim.
Reconforta-me o facto de amanhã ser outro dia, com sol ou chuva haverá uma nova aurora que não virá por eu estar cá à sua espera. Virá porque tem de vir. Então que diferença faz eu estar ou não estar?

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que a nossa vida terrena é assim tão insignificante ao ponto de querermos com tanta força outra sabe-se lá onde?! Não sei, não posso dar certezas se há algo ou não, para além desta nossa vivência, embora tenha a minha opinião. Haja algo ou não haja nada, não depende de nós por isso não vale a pena massacrar-nos a pensar numa coisa que jamais poderemos alterar. Se existe muita coisa explicada pela Ciência muitas outras ficaram e ficam por explicar. Se calhar porque não têm uma explicação ou se calhar porque ainda não foi descoberta a equação física para a explicar. e sim, amanhã o sol vai aparecer e vai-se por independentemente de eu estar ainda por aqui ou tu. Nada de muito substancial se modificará, a terra continuará a girar, e nos seremos pó. Mas não consigo deixar de acreditar que a nossa presença aqui, não tenha um significado. Provavelmente nunca iremos é saber qual é.bjts

Anônimo disse...

daria jeito crer num Deus. terismos desculpas e haveria um qualquer refugio onde nos esconder/nos e e pedir abrigo. mas na verdade e melhor que ele nao exista para que seja nosso todo o compromisso, todo o medo, toda a paixao. odeio o sofrimento, acho um desperdicio termos que sofrer se poderia ser de outro modo. mas a tempestade que nos invade o corpo e nos destrutura impele/nos tambem para um sentido, para pelo menos sabermos o que nao querermos. nao sei se para acreditar em alguma coisa. cada vez tenho mais medo. se existir Deus, ]e bom que finja que morreu, porque a sua bondade absoluta ]e terrivel. basta olhar em volta. nao quero crer.

p.s. word desconfigurado. perdoa. nao percebo disto...