domingo, abril 29, 2007

Martelo a conta-gotas


Às vezes olho para ti e, sem qualquer conjectura possível, dá-me vontade de rir. Não sei muito bem do quê. Possivelmente de muita coisa ou de quase nada.
Sentir é parecido com isso. Há sorrisos aparentes, confundidos com os apeadeiros em que me habituei a sentir-te.
Depois, permanecem somente vácuos. Neles, o som dissipa-se porque tu deixas de existir. Escondeste-te onde desisti de te procurar. Fazê-lo é imperativo quando o cansaço dá lugar à necessidade, na qual s
ubsistem esforços necessariamente fúteis, travados numa luta desigual. Os obstáculos são saudáveis antes de ganharem raízes. A seguir a isso, apodrecem numa tentativa frustada de sobrevivência. Nesse momento, a inteligência elimina-os soberbamente.
Se as armaduras desse teu mundo, suportassem mais do que o teu frágil corpo, espremido de tanto cansaço inglório; as movediças aragens onde te perdeste de vista; os restos do teu carrossel; talvez valesses a pena por ti mesmo. Não por mim.
Saberás existir para além da moldagem a que te habituaste? E se amanhã, ao acordares, já não tiveres lugar para ti em ti?
Morrerás mesmo antes de teres vivido e, isso, pouco importará, pois nunca soubeste o que é viver.

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