quinta-feira, maio 24, 2007

Laura e Diogo, possuíam amigos comuns. Numa tarde primaveril, acabaram por se cruzar. De conhecidos rapidamente se tornaram amigos. De amigos evoluíram para companheiros. A partir daí, a vida encarregou-se de os juntar.
Conheciam-se um ao outro de forma verdadeiramente genuína, porque tinham uma coisa em comum, talvez a única, não abdicavam da sua liberdade. Ele aventureiro. Ela pouco dada a novas descobertas.
Estavam, agora, casados há oito anos. Não tinham filhos, por opção. Tinham concordado dar prioridade à carreira e um dia, quem sabe, pensariam nisso. Debatiam coisas banais, discordando da maior parte, mas entendiam-se como ninguém. Nutriam entre si um respeito sólido. Respeitavam o espaço de cada um e deixavam-se respirar mutuamente. Ambos bonitos e inteligentes.
Numa tarde, Laura chegou a casa e procurando, em vão, por Diogo, apenas encontrou umas linhas, meio esborratadas, numa folha solta em cima da cama.

Querida Laura, há momentos na vida em que nos perguntamos se somos felizes. Acenamos a nós mesmos, num gesto fortuito para nos tentarmos convencer que sim. Mas sabemos que não. Pelo menos não tanto como desejaríamos. A felicidade não pode ser feita de metades, que sabem sempre a pouco. É preciso tudo. O inteiro.
O nosso casamento foi a melhor coisa da minha vida. Mas, minha querida, quero mais. Não tem a ver contigo, porque sempre foste uma companheira exemplar. Tem, somente, a ver comigo. Aos planos que sempre me habitaram, e que pensei ser possível deixar para amanhã. Hoje decidi não adiar mais, para não morrer, anestesiado de mim e esvaindo-me aos poucos, gota-a-gota. Sufocar-me-ia de tanto desejo.
Não me esperes. Talvez um dia volte, com feridas abertas e cicatrizes feias. Talvez. Não sei. Por agora, quero deixar ferir-me. A dor é passageira, e a vida movediça.
Não duvides que te amo. Por isso, não vou embora com ninguém. Nem poderia. Vou, somente, por mim. Por ti. Por nós. Vou só ali, voar nas asas do amanhã. Numa rota não traçada e deixada ao acaso.
Quero mais de mim. Quero ser eu, sem amputações. Procuro-me, e deixo-te espaço para que te possas achar: a ti e à felicidade de que és merecedora.
Desculpa, se é que me é permitido dizê-lo.
Um beijo.
Diogo
.”

Um comentário:

mijinha disse...

ntão cara amiga adorei... mostra mais uma vez k o casamento é o caminho errado!!! Ha k viver os impulsos. bjo