quinta-feira, agosto 27, 2009

Recomenda-se

Leiam e releiam. É um mimo. E mais. É de quem sabe escrever. E José Rodrigues dos Santos, mais do que ser jornalista, sabe. Há sempre muito mais num livro que umas linhas. Há pessoas, lugares, cheiros.
Há vida.
Gosto.

terça-feira, agosto 25, 2009

Mudança de gostos

Uma gaja quando vai para a faculdade, deixa de gostar de uma coisas em prol de outras. Se calhar nem é porque vai para a faculdade, é só porque sim. Um desses azedumes é a publicidade típica desta altura do ano, onde chove tudo o que seja material escolar e afins. Surge o retrato inimitável dos miúdos carregados de entulho até à última vértebra, esboçando o sorriso da eterna felicidade.
Detesto, ponto. E, só assim como quem não quer a coisa, cheira-me que os que estiverem, também, na faculdade daqui a uns anos, vão roer os dentinhos com as pilhas infindáveis de apontamentos que têm para ler e reler. Isso, a juntar aos relatórios sempre tão generosos e pequeninos que há a fazer, dá a dose perfeita. Bom, perfeito-perfeito-perfeito, são aquelas noitadas onde depois acabamos por ver que, afinal, existe sempre o lado positivo da coisa.

sábado, agosto 22, 2009

Você, você...

Você não vale nada mas eu gosto de você


Esta é da praxe, tinha de a meter.

terça-feira, agosto 18, 2009

Cinderelas de três palmos

Tenho uma prima com doze anos. Há uma coisa que lhe invejo, por já a ter perdido. Falo da ingenuidade. Daquelas acabadas de arrancar à rabujem de uma noite mal dormida, ou ao batton já esborratado por um beijo dado à pressa.
A igenuidade de pensar que se ama e desama com a mesma velocidade que se come cereais todas as manhãs. A ingenuidade das palavras soltas porque são bonitas e ficam bem ao ouvido. A ingenuidade do eu quero, posso e mando.
Com doze anos, sabe-se tão pouco sobre homens, que, mais uma vez ingenuamente, se pensa que o príncipe encantado pode, mesmo, chegar de cavalo branco para nos ir roubar uma estrela. Acaba por se acreditar nisso com afinco tal, que te torna mesmo um dogma. E, um coraçãozinho, que conhece muito pouco sobre estes dizeres, começa aos poucos a levantar os pés do chão.
Mas, no fim de contas, por entre uma lágrima esborratada ou um sapato de Cinderela perdido algures, nesta idade há uma incrível capacidade de reciclagem. E isso, a natureza esquece-se de ensinar aos mais crescidos.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Coisas

Cada vez me convenço mais que é o hábito o nosso melhor amigo, no que toca a estas coisas de relações. Para bem ou mal, as pessoas não vêm com livro de instrução em anexo. Em vez disso, trazem consigo uma bagagem cheia de medos, convicções e uma série de coisas infindáveis que daria para encher dez baús.
Trazem os legos do seu puzzle. Às vezes, parece que faltam peças para o montar, mas, numa qualquer manhã, de olhos ainda entreabertos e a comer a melhor torrada do mundo, surge aquele sorriso rasgado. Esse, que faltava para completar o puzzle .
Mas, mais de qualquer outra coisa, as pessoas trazem pormenores. Não quaisquer uns, mas os seus. Só seus. E, no fundo, é isso que muda tudo. Um pormenor de um abraço ou o silêncio quando não há mais nada a dizer, faz valer a pena.

quarta-feira, agosto 05, 2009

Príncipe encantado

" Se está à espera do Dia dos Namorados para arranjar um, não fique sentada. Faça como uma amiga minha que cada vez que sai do carro, vira o retrovisor para o lado do condutor, retoca o batom e diz com uma convicção demolidora o Príncipe pode estar em qualquer lado. E pode mesmo. É uma questão de fé, totalmente arbitrária e alietória, mas pode acontecer. Até porque nós, os extraordinários, somos poucos, mas andamos por aí. Isto é o que diz outro amigo meu que por acaso é mesmo extraordinário e já encontrou a pessoa certa, pelo menos por enquanto. Foi ele que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa.
A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos.
O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes.
Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica. "

Margarida Rebelo Pinto

O texto tem a minha vénia, roça na perfeição.