Quando a vida nos escorrega num ápice mais rápido do que ela própria, e nos leva as pessoas de quem gostamos, deixa-nos tarefas demasiado pesadas.
A primeira de todas, é um rasgo em qualquer coisa que está cá dentro. Quebra-se o encanto. É o olhar para uma foto e pensar que já não passa de isso mesmo. É a rebuscagem imensa de um e outro momento. Da colecção deles todos. São as noites mal dormidas. São as lágrimas que vêm lavar a cara. São os abraços que só têm lugar na memória. São as tardes de discórdia e de afecto. Foi a minha infância e a sua infindável paciência para me aturar. Foi tudo isto e muito mais, numa mistura que existe numa massa mais dura que o aço e que parece impenetrável.
Foi assim que vi a minha avó a ir embora. Três dias depois de me dar um beijo, que não me soube a últmo. E a seguir, um sorriso que sei que guardarei. Sempre. Porque foi uma ligação muito maior do que apenas um grau familiar. Foi companheira de muitas horas, de muitos momentos. Da minha vida até aqui. É isso que vale e valerá sempre.
Obrigada por tudo, avó. Vou sempre gostar de ti. Um beijo.
P.s: Há posts que nunca deveriam existir. E este, é aquele que nunca desejei escrever.
Um comentário:
Percebo cada uma das linhas.
Entrando no Cliché: Sinto Muito!
A minha mãe também se foi, já passou um ano e ainda me custa escrevê-lo...
São dores que não passam...
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