sábado, abril 24, 2010

Ser estudante é mais do que estudar

Nestes dias, à conversa com um amigo, ele disse-me que as semanas académicas, era o que de mais havia parecido com uma grande guerra. Não posso estar mais de acordo.
Não há feridos nas trincheiras, nem amputações na hora. Mas há um desgoverno imenso. Viramos do avesso a carteira, os horários, o ritmo. Passa-se a viver em função da noite e do álcool, com mais ou menos intensidade, com mais ou menos vontade e entrega.
Isto é fazer uso de uma das frentes de ser aluno Universitário. Há coisas que não vêm nos livros, nem poderiam. Trajar é uma delas. Patrulhamos as ruelas, de capa ou ombro, umas vezes a derreter debaixo de um sol impiedoso, outras a tremer de frio e encharcados até às orelhas, ou, ainda, com os pés a pedirem clemência a uns saltos desconfortáveis.
Dizem que somos estudantes. Eu diria que, mais do que aprendizes de futuros profissionais, aprendemos, sobretudo, a viver. É aqui que se acaba por cortar o cordão umbilical com os pais. É aqui que se aprende a ser qualquer coisa de diferente. É aqui que se ama, se chora, se ri, se brinca, se estuda. Baloiça-se entre o estudo, a vida e o orçamento. Acabamos por mudar, quer seja de uma ou de outra maneira. Voluntária ou involuntariamente.
E, nessa forma de mudar, acredito que o balanço possa ser muito mais do que uma mera lincenciatura. Assim o queiramos. Não se pode sair a mesma pessoa que entrou, nem se pode ser o mesmo caloiro outra vez. Não levamos na algibeira os mesmos medos, os mesmos olhares, a mesma bagagem.
É-se, muito para além dos livros. Sobretudo, pelas experiências que se acumulamos. Únicas, irrepetíveis e saudosas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Também quero ser um lince! tirar uma lincenciatura! Largar os baldes de massa e vividos 40anos, rasgar o meu cordão umbilical (ps: também não fui à tropa)!