sábado, março 31, 2007

Foi bom. Muito bom.


Ali em baixo, ao cabo do terreno que me viu crescer, existe um pequeno ribeiro que corre livre. Quando era criança, costumava ir ao seu encontro a passos largos. Corria, saltava e os arranhões pelo corpo eram inúmeros. Às vezes ia até lá sozinha, sem dizer nada a ninguém. Gostava de ouvir correr a água, sem qualquer vestígio humano. Não aprendia nada em particular, mas despia-me de mim para mim.
Quando voltava a aparecer, a minha mãe já tinha o discurso preparado. Colocava nas feições faciais um ar insultuoso e eu acabava por ouvir das boas, pelo facto de desaparecer sem justificação. Contudo, repetia o trajecto na clandestinidade vezes sem conta.
A caminho, era costume encontrar cogumelos e trazê-los comigo como prémio. Alguns não prestavam mas eu, à revelia, colocava-os no colo e depois corria até a casa. Curiosamente, depois não os comia. Mas pintava-me de ouro, só para os apanhar.
Lembro-me que havia um castanheiro enorme, com largos anos de existência, detentor de uma sombra majestosa. Mas, não era pela sombra que lá gostava de passar. Atraíam-me as castanhas espalhadas no chão do Outono que principiava. Confundiam-se por entre a erva que começava a fraquejar e a perder a cor.
Ontem voltei a fazer este trajecto com o meu pai. Fomos com o intuito de apanhar agriões. Calcei os botins, saltei para a água e apanhei uns quantos.
Tinha saudades de ir ali abaixo respirar outro ar, sujar-me de erva, molhar-me.
Voltei a respirar liberdade como se tivesse sete anos. Foi bom. Muito bom.

sexta-feira, março 30, 2007

Consegues escolher?




A vida é uma viagem.
Há um rio e uma margem.
Onde queres estar?

terça-feira, março 27, 2007

O que vale é que o Zé Povinho come tudo!

Não há adjectivo possível para caracterizar a nova aposta da tvi: “A Bela e o mestre”. Detestável ainda é pouco. Sinceramente, não sei como é que em pleno século XXI, ainda se concebem programas assim. E o pior, as pessoas aderem. Recuso-me, prontamente, a condescender-me com excrementos avultados destes.
Gente formada, desce ao ponto de participar nisto, onde a falta de qualidade é demasiado evidente. Não consigo perceber. Caminhamos para a estupidez abusiva e ninguém me avisou.
Este povo come, miseravelmente, tudo. As séries dignas como o House dão a horas tardíssimas, mas este estupendo programa, passa em horário nobre. Isto é no mínimo fantástico. Palavra que é!

domingo, março 25, 2007

Sonho

Pelo Sonho é que vamos
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos
Pelo sonho é que vamos.
Chegamos?
Não chegamos.
Partimos.Vamos.Somos.

Sebastião da Gama (Séc.XX)

segunda-feira, março 19, 2007

Vómitos publicitários

Existem publicidades que me deixam com vontade de vomitar e onde a falta de qualidade estica, e muito, os limites do tolerável.
Falo da propaganda a produtos, nos quais se faz uma dobragem da voz. Isto porque se a original fosse mantida, o Zé-povinho como não percebia um cu daquilo, não comprava. Não é que assim perceba, mas soa-lhe bem.
É o caso dos cosméticos em que se emagrece sem mexer uma palha. Além da publicidade em si ser tão fútil que leva o meu cérebro para a senilidade, aquela voz insonsa que é um puro incentivo à estupidez gratuita, atrofia-me o sistema todo. A falta de originalidade é tal, que se o alvo fosse as crianças, desconfio que o “brinquedo” não saía das prateleiras do supermercado!
Pelo amor da Santa, acreditar no pai Natal ainda é como o outro. Agora nestas publicidades que são literalmente um bombardeamento com uma mensagem nas entrelinhas do género: “ligue já! O produto é uma merda mas eu sou mesmo boUa e tenho uma voz de veludo”, isso se calhar é como ter um carimbo “Sou estúpido todos os dias sem feriados!” estampado na testa, e pensar que é só uma comichãozinha sem importância.

sexta-feira, março 16, 2007

Armário Intrínseco

Há coisas que estão trocadas. Quer tenha sido a vida a trocar-lhes o norte ou puro capricho nosso, pouco importa. Aquilo que mortifica não é o facto de estarem trocadas, é não lhes conseguirmos incutir outra rota.
Estar incerta de conseguir uma coisa que se quer é tão desconfortável, que dói pensar nisso. Dói não haver a coragem necessária para a sacudir, dói mastigar e rebater a imprecisão, dói a ausência de uma resposta concreta. Dói!
Dói e custa a sarar, como se a ferida fosse abrir a cada dia, para apenas sobrar uma cicatriz feia e mal cozida.
Há um passado posto em revista quase todos os dias, como se fizesse parte de um amanhã.
É só nostalgia?

quinta-feira, março 15, 2007

Feliz aniversário, pai!


Exprimir um sentimento nem sempre é fácil. Às vezes as palavras são escassas, insuficientes, ou simplesmente fragmentos soltos que não revelam, nem por sombra, aquilo que está verdadeiramente contido nelas.
Pedaços de uma vida
Sorrisos soltos
Caprichos de criança
Ensinamentos sábios
Tardes primaveris
Coisas banais
Incentivos
Indirectas necessárias
Descontentamentos
Birras

E tanta coisa mais.
Por todas elas e por ti: Parabéns Pai!



12-03-2007

domingo, março 11, 2007

Música portuguesa



Mafalda Veiga
Cada lugar teu

Porque se há coisa que eu detesto é anglofonia excessiva, aqui fica uma música portuguesa que dispensa apresentações.

quinta-feira, março 08, 2007

Por nós


Dia da mulher. Hoje e sempre.

quinta-feira, março 01, 2007



“Por qualquer razão, a escrita, ainda que solitária, sem objecto nem desejo de partilha é, sempre, para uma audiência imaginária, para alguém a quem se quer dizer alguma coisa, para ter direito à última palavra e fechar num espaço curto o nosso imenso desejo de controlo.”

Isabel Leal

Axioma

"A maioria das mulheres não é mais interessante porque não está para isso.
A maioria dos homens não é mais interessante porque não consegue."

Encontro por aí alguns factos. Nestes dias, ouvi mais este.