sexta-feira, dezembro 30, 2005

Interessante vs apetecível... o que prevalece?

O que é para ti um rapaz interessante? É esta a questão me já me soou inúmeras vezes aos ouvidos. Na verdade e, mesmo que se diga o contrário, toda a gente tem um estereotipo bem definido daquela pessoa especial. Bem a questão do “interessante” pode ser vista essencialmente em duas perspectivas que vale a pena frisar. A primeira delas será, certamente, em termos de fisionomia. Nesta matéria, sou uma eterna apologista da raça ariana. Os olhos azuis e o cabelo loiro esguedelhado são seguramente meio carimbo de passagem directa ao paraíso, um convite irrecusável ao estado de transe. Mas como as coisas aprazíveis não são meros fragmentos, exigem-se por inteiro. O inteiro, neste caso, não é só o que sobra da outra metade é muito mais que isso. É aquela postura à D. Juan, aquele olhar que consegue paralisar no momento. Enfim, é aquela sequência de ADN que torna o genótipo uma verdadeira obra-prima, algo que jamais se repetirá e, que se traduz num fenótipo maravilhosamente apetecível. Por assim dizer, este figurino será sempre inerente a uma encarnação divinal, um transpirar de requinte. É algo indefinível que um moreno nunca terá (na minha perspectiva. Pois, os morenos são esbeltos sim, mas à sua maneira. Não nego que um moreno possa “superar” um loiro. Mas um loirinho é um loirinho…) Porém, se a natureza é impecável por vezes neste aspecto, peca de forma imperdoável noutros caracteres, como a personalidade. Esta é, grosseiramente, a consciência individual da instância inerente ao eu. Este “eu”, nos rapazes, é algo imaturo. Isto porque, está sempre ligado à imagem infantil. Mas, é um imaturo que admiro em certa dose, porque despreza banalidades. Ora, é nesta imaturidade, que reside toda a diferença. Defendo que a diferença é boa, mas chega a ser irritante no que se refere a determinadas atitudes que afluem no momento de um relacionamento. É neste ponto que entra a eterna distinção entre um rapaz apetecível e um rapaz interessante. Infelizmente, não são duas características que se encontrem com facilidade num só rapaz. O primeiro, é algo puramente estético digno de se ver é certo, mas algo efémero que com o passar do tempo e com a supremacia dos radicais livres, se vai esvanecer e originar o verdadeiro sapo, ficando apenas a futilidade em tempos camuflada na beleza. O segundo, é a metamorfose de sapo em príncipe, pois a inteligência e o bom senso vão acabar por cativar aquilo que o aspecto físico fragilizou. Com isto não pretendo induzir à ideia de que rapaz bonito e inteligente é uma utopia, de longe isso é uma verdade. Agora que são duas características muito pouco “amantisadas”, lá isso… Talvez o grande problema, esteja nas mentalidades dos pseudo-homens, que por julgarem esbeltos, são fatalmente irresistíveis e têm qualquer uma aos pés. Em suma, há dois lados de um rapaz a conhecer e a ponderar. De um lado estará sempre o charme e a capacidade de cativar, do outro o aspecto físico. O produto final estará sempre dependente das expectativas que se criam. Geram-se depois os ditos dissabores necessários, visto que procuramos nos outros uma parte de nós. Um rapaz interessante é aquele que consegue cativar pelo sentido de humor e compreensão (que infelizmente não é sinónimo de inteligência…). Independentemente do aspecto físico isso virá por acréscimo, porque afinal os príncipes ficam nas páginas dos contos, encerrados numa eterna saudade que convém preservar.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

QI em estado puro




Realmente tenho de confessar que fico extasiada com a inteligência de certos seres. Passo a explicar, este pequeno país afinal nem é assim tão exíguo, pois ainda se arranja um espacinho para incorporar novos nomes de locais até à data, absolutamente desconhecidos. Certas personalidades devem ainda andar influenciadas pelo tempo dos descobrimentos, mas cá entre nós, há quantos anos é que isso já lá vai?! (Hum, pois não vamos por aí…). Prosseguindo, estes seres são tão capacitados, mas tão capacitados, que deixam qualquer um de perfeito pasmo, ao ponto de inventarem um nome de uma localidade que até à data permanecia no silêncio dos deuses. É ela mesmo e, passo a citar: “Amêndoão.”
Irremediavelmente, isto não deixa de ser estapafúrdio. Bem, é que das duas umas: ou é um neologismo (se assim é, parabéns caros sapientes, aconselho-vos a divulgar as vossas obras que com certeza terão um conteúdo que deixará o mais sábio dos mortais e, perdoem-me a redundância, embasbacado.). Por outro lado, a perspectiva mais animadora, levaria a questão para uma tentativa menos feliz de produzir uma neologia acabando por engendrar numa espécie de palavra, sim porque não passa disso mesmo, de uma espécie. Repare-se que é uma palavra, que a gíria intitula de “muito à frente”, uma vez que tem dois acentos numa só palavra.
Meus senhores, estou certo que tereis no mínimo bom senso. Assim sendo, talvez não seja de todo descabido consultarem um mapa deste luso país cada vez que pretendeis escrever, na sua essência, algo que desconheceis. Por outro lado, quem sabe, um dicionário que vos transmitirá com toda a certeza algo que a vossa professora primária vos ensinou com tanto afinco, mas que esqueceis: uma palavra, na dita língua de Camões tem apenas um acento. Ou será que não?! Ah, a propósito, não quereríeis dizer pura e simplesmente: Amêndoa?

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Uma questão de repolhos


Trata-se das chamadas tradições da treta…! Ora, por ocasião do Natal, o que não falta aí nos pratos desta lusa gente, são as couves com o bacalhau. Bem o bacalhau ainda se remedeia, nem que seja para dar aos gatinhos com fominha. Agora as couves, pelo amor da santa até a avozinha já anda bem dos intestinos... pensando bem, é por isso que o Natal é tão apreciado, até porque nesta altura todos pensam: ehhh hoje é dia de “couvadas”. Afinal de contas, a melhor prenda que se pode oferecer é mesmo uma bela couvinha fresquinha oriunda da avó da tia da prima do sô Zé.
É que só se come este verdadeiro manjar pela nesta quadra, visto que durante o resto do ano nem nunca se ouve falar de couves, nem tão pouco se lhes vê a cor. Ui, é que é daquelas belas coisas, que se não fosse o Natal, permaneceriam sempre esquecidas numa horta mais próxima. Claro, está-se mesmo a ver...
Oh meus amigos, e se metessem os repolhos no c* mais a mer** da tradição, hein?


terça-feira, dezembro 20, 2005

Cativos ou cativantes?


Penso que é irrefutável que nos dias de. hoje o machismo seja algo completamente descabido. Porém, muitas vezes são as mulheres que se humilham a si mesmas, ao deixar esta situação ser uma monotonia. Por complexo, medo, cobardia, e toda uma série de motivos disparatados.
Acho profundamente asqueroso e indescritível uma mulher ser vista como aquela que se deve limitar a ser explorada pelas lides domésticas e pelo Sr. marido, essa imagem intocável e proveniente de uma divindade à qual a esposa, mera escrava de sua majestade, foi feita para assumir uma atitude de vassalagem e prostração perante o tapete vermelho del rei, o machão. A falta de respeito mútuo chega a ser tão grave que camufla casos extra conjugais a título de masculinidade. Assim sendo, esta designação não será a mais correcta visto que perante esta atitude não se consegue definir muito bem a classe que ocupam. Isto porque as pessoas têm no mínimo consciência, e os animais ao menos uma vez na vida têm uma postura ternurenta perante a sua parceira, ainda que esta seja fugaz. Estes sumo-sacerdotes assumem-se como entidades completamente independentes, mas são risíveis ao contradizerem-se, pois a mamã tem de andar sempre por perto, a fazer a comidinha, a passar a roupinha. E então onde fica toda a vossa autonomia, nas saias da mamã?!
A culpa disto não é exclusiva dos indivíduos que agem desta forma, é também um pouco da gente que lhes dá educação e que se coaduna com estas posturas insensatas. Apetece dar um abanão a certas mães e mesmo pais para as fazer ver que de todo não estão a ter a melhor postura e, quando estes lhes faltarem, vão ser uns inadaptados, porque convenhamos hoje em dia nenhuma mulher se presta a estas torturas.
Porque é que não se vê de igual para igual uma bebedeira de um homem e de uma mulher?! Ah já me esquecia, é porque uma mulher que se preze tem de estar sempre de sorriso rasgado e pronta a acatar ordens e a viver em função dele e só dele, jamais dela. Esquecem-se é que o tempo da avozinha já lá vai e como ele tipo de preconceitos, pelo menos supostamente.
Em suma, apesar destes casos lamentáveis, como não há regra sem excepção ainda se vão encontrando, se se procurar muito bem, certos rapazes de muito mérito a quem isto não se aplica. Bem-haja a eles e a quem lhes explicou que a vida não é para fazer os outros de seus cativos, mas para os cativar.

domingo, dezembro 18, 2005


Rui Veloso - Lado Lunar

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo dum sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não é por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser pra ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvendame o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
À prova de bala à prova de tudo
(Refrão)
Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo é tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar
(Refrão)

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Tempos de vanglória...


Bem, hoje reencontrei-me, novamente, nos meus oito anos. Houve naquele gesto um recordar inevitável de uma criancice paradoxalmente igual e diferente de mim. É um pouco estranho ter-me sentido como antes pois, cresci, passaram muitos Natais por mim, mas no fundo o Pai Natal ainda continua bem acesso cá dentro. A verdade é que cobicei desesperadamente um outrora.Adiante, o motivo de tal nostalgia foi o facto de ter recebido, com muito agrado, uma prenda de Natal (merci cherry). O meu comportamento estaria simplesmente retratado na euforia de quem acaba de também ser lembrada em mais uma época festiva, já embebida, por de certo, na contenção típica que está na mania de ser crescida, em não poder berrar e dizer: obrigada! Saltando-lhe para o pescoço, sugando-lhe toda e qualquer réstia de bom senso, querendo devorar de imediato o papel de embrulho. Porém, não o fiz, de todo. Com toda a franqueza, aquilo que eu mais gostava, em tempos, não era da época em si, do espírito de solidariedade, de ser uma época dominada pelos seus enfeites típicos e delícias requintadas. Tudo isso me passava literalmente indiferente. Por insensibilidade, crueldade, frieza? É possível. Na verdade, ficava extasiada quando recebia prendas. Por isso, hoje tal como foi sempre habitual em mim, não me contive e quando cheguei a casa, tive de abrir, descobrir o que estava para lá de um embrulho. Aquele nervoso miudinho não era pelo que lá pudesse estar, era por mim, era por eu saber que por muitos presentes que receba, por muitos Natais que passem, tenho pouca resistência no que toca a esperar pelo dia certo. Nunca consegui, não consigo e, muito dificilmente conseguirei, esperar por um amanhã tendo as coisas hoje nas mãos. Amanhã não seria a mesma coisa, amanhã não é a mesma coisa, única e simplesmente porque é amanhã.


quinta-feira, dezembro 08, 2005

“Construímos ideais,
Buscamos verdades,
Cultivamos a fé,
Saboreamos vitórias,
Choramos derrotas,
Festejamos alegrias,
Duvidamos das incertezas,
Colhemos o que plantámos,
Vivemos o que somos,
Aceitamos o que não temos,
Sorrimos o mesmo sorriso,
Buscamos o mesmo Deus,
Temos o sangue da mesma cor,
Vivemos guiados por um único amor,
Professamos a mesma fé.
Mas o que nos torna amigos
Ultrapassa o que pensamos,
O que sentimos,
O que buscamos.
Pois a amizade se enlaça naquilo que somos...
Se não te procurei
Foi porque eu sabia que tu não virias antes nem depois,
Mas na hora certa.
Passos dados,
Sonhos construídos,
Caminhos andados,
Braços unidos,
Assim vamos.
Assim vão os verdadeiros amigos.”