O D E Para ser grande, sê inteiro:nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive By Ricardo Reis |
segunda-feira, novembro 21, 2005
sábado, novembro 12, 2005
Tónica comichosa
Se quando eu era miúda, queriam impingir-me um clube, agora “o jogo” de gente grande parece ser a política. Sinceramente, esta faz-me lembrar, em muito, aquelas corridas de cavalos típicas dos ingleses, em que cada um faz a sua aposta e espera lucrar com ela. Caso corra bem, terá acima de tudo o grande prémio, um duo irrecusável: dinheiro e prestigio. Faz-se política para depois se voltar à idade da pedra, ou mesmo à infância, pois tal como os miúdos se esgotam em choro e aos berros, com birras e teimosias; assim se vão apoiando certas conveniências_ só porque fica bem ao estado e à nação_ nas quais os responsáveis se vêm refugiar nos outros, por não serem capazes de suportar sozinhos actos inconsequentes, em que se almeja tudo e acaba por não se ter NADA!. Se a cada pessoa evolui desde a idade da pedra, a humanidade, na sua globalidade, parece ter estagnado de forma irritante. Isto é o retrato do "salve-se quem puder"!, onde é muito bonito, que teoricamente, que aplique políticas muito construtivas, mas na prática...! Vou-me estrear daqui, a não muito tempo, nestas andanças. Confesso que não tenho qualquer vontade de me esmerar para, pelo menos, tentar (sim porque não passa disso), fazer um voto consciente. Isto porque por muito vasto que seja o leque, a diversidade é nenhuma, e portanto consciência aqui, apenas soa bem, nada mais. Não concordo de todo que se deva votar pelo partido na sua globalidade, mas avaliando, independentemente, cada candidato. Acusam os jovens muitas vezes de estarem virados para outros horizontes, menosprezando a política e tudo o que seja uma espécie de "muito sério e comprometedor". Porém, acho que se esqueçem que tem de haver um incentivo ao cultivo de tudo isso, e quando esse incentivo falta, que é quase sempre, não se pode exigir que estes aprendam a gostar daquilo que os políticos profissionais, ou profissionais da política (como queiram), nem mesmo esses sabem o que é, e a prova está à vista! Em suma, o tal "jogo" de gente grande, resume-se facilmente num ditado popular muito célebre: "na casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão"! |
E tu o que queres ser quando fores grande???
Vamos ouvindo cíclica e inevitavelmente o “ e tu o que queres ser quando fores grande?”, ao que respondemos efusivamente com o optimismo das nossas primeiras projecções. No entanto, passada a etapa da escola primária, a música é outra, desfazemo-nos do núcleo de amigos, do conjunto de hábitos, das caras conhecidas, da vida fácil; tudo em nome de estudar. Fazemos novos amigos, outros hábitos, outras caras conhecidas nos surgem, mas o estudo, é para ele que direccionamos toda a nova rotina. Vamos apreendendo novos conhecimentos, novos desafios; vamos estudando. Passamos provas consecutivas, que nos dão alento, ou nos oferecem amargos dissabores.
Eis que surge a prova derradeira para a iniciação de um futuro, chega a altura da transição do 9º ano para o 10º, e seria mais um singelo ano escolar, a não ser por uma peculiaridade: a área pela qual iremos prosseguir a vida, a carreira e mais uma vez o estudo. Vemo-nos a preencher um tal boletim, que nos dará acesso a uma nova fase. Aqui está a nossa primeira grande opção, que é verdadeiramente difícil, e por vezes é muito frustrante verificar-se que após anos de sacrifico, estamos numa área com a qual nos identificamos pouco. Outras vezes, aquilo que aspirámos ser em crianças, está agora a um paço de se tornar deveras uma opção de vida.
Os jovens começam assim a trilhar um caminho, no qual irão ampliar a sua vida profissional e até emotiva, estando cientes que desenvolverão capacidades profissionais à altura de seus cargos. As opções de estudo são inúmeras, mas ainda assim existem muitos jovens que não se identificam com nenhuma delas. Muitos sonhos, planos, que preencheram e deram cor a uma infância, não são mais que vagas memórias de uma vida inconcretizada. Outros há, que prosseguem estudos rumo á faculdade, por vezes não exactamente naquilo que desejam pois a média não lhes permite, mas num curso que esperam dar-lhe não só o pão de cada dia, como também, representar o suor, esforço e dedicação de tantos anos. Existem ainda outros que, conseguem entrar no curso que por diversas razões aspiraram. Bem-haja!
Destas maneiras, ou de outras, a verdade é que todos eles tiveram sonhos de menino, que uns vêem realizados e outros não. Mas parece-me que isso pouco importa, porque aquilo que realmente é relevante é fazermos da vida não aquilo que ela fez de nós, mas aquilo que fizemos dela. É importante fazer-se o que se gosta, e não o que querem que façamos e portanto a estudar ou não, o que interessa é sermos seres o mais realizados possíveis.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Míseras décimas: uma batalha épica
É claro que, as capacidades de uma pessoa não se podem cingir a uma mera pauta de classificação de uma escala inconclusiva, mas a verdade é que no momento de acesso ao ensino superior, centenas de jovens não passam de “carne para canhão”. Esta expressão talvez seja um pouco grotesca, mas é o espelho da situação. No caso concreto de Medicina, considero extremamente descabida, para não dizer risível, que a média seja tão alta. Senão vejamos, a média final de secundário não é de forma alguma, uma nota que reflecte qualquer aptidão em especial, mas antes aquilo que o aluno conseguiu produzir na globalidade. Mas a globalidade não tem que ser obrigatoriamente o simples produto das partes que a constituem. Ora, até as crianças sabem que conseguem fazer melhor umas coisas do que outras, mas não é por isso que as deixam de conseguir fazer. Se colocarmos duas crianças numa corrida, é natural que uma chegue primeiro, o que é antinatural é que a que chega em segundo lugar, não seja igualmente vista como capaz de superar a prova. Ora, parece que o mesmo se passa na corrida de acesso ao ensino superior, as coisas também são um tanto ou quanto antinaturais, pois ainda está para provar um aluno com média de 15 não seja tão capacitado como um de 18.
Não se pode ignorar que a avaliação depende, não só mas também, da forma de avaliar de cada docente, porque esta é um processo complexo em que o desfecho não pode ser exclusivamente atribuído ao aluno. O professor é uma espécie de juiz, que perante cada tese tem a função de ponderar os prós e os contras, e ao fazê-lo analisa os factos mas fá-lo segundo a sua perspectiva que é sempre discutível. Com isto, o aluno vê-se sujeito a “mostrar o que vale” numa escala quantitativa e não qualitativa. Então mas o que é a capacidade de cada um, uma quantia meramente mensurável? Parece que sim, e assim sendo, no momento de entrada nos cursos somos o que produzimos, e não aquilo que somos capazes de fazer.
Posto isto, acho caricato como é que depois se argumenta que um aluno não entrou para Medicina, ou o que quer que seja, porque não teve capacidade para tal. Enquanto o sistema se reger por estas normas, não há outra hipótese do que ter uma profunda náusea pelas leis que nos governam. É preciso reponderar a lendária lei da selva, que foi destorcida e aplicada ao território do Sr. rei: a lei humana. Aqui aquele que sobrevive não é o mais eficaz mas o mais perspicaz.