sexta-feira, janeiro 13, 2006

Era uma tarde amena de Inverno, o sol espreitava entre as nuvens como se estivesse envergonhado ou apático a tudo o resto. Eles estavam sós, desfrutando de uma brisa estranhamente gélida e agradável, enquanto caminhavam pela avenida sem rota traçada e com um destino indefinido. Compartilhavam entre si aquele momento, fazia-no em silêncio, pois tudo o que pudessem proferir era demasiado vazio. À sua volta tudo estava num perfeito frenesim, no entanto nada lhes sugava o que quer que fosse, nem tão pouco os fazia compartilhar da azáfama. Aqui e ali, iam ouvindo um ténue suspiro de alguém que consumia desalmadamente aquela monotonia. Porém, nada importava por que aquele momento era só deles e, apenas eles o compreendiam num emudecimento profundamente esclarecedor. Prosseguiam as suas passadas e tudo era tão rápido quão a fugacidade dos seus pensamentos, mas eles continuavam imunes como vultos imperceptíveis. Parecia que ambos não estavam ali. De facto não estavam, apenas passavam, pois o mundo daqueles dois corpos era indissociável da realidade onde assistiam às sensações de outrem. Ao longe no fim da avenida, acabaram por se sentar num banco que lhes dava total primazia sobre o mar. Avistaram-no buscando nele algo que os completasse. Era um momento aprazível de mais para poder ser expressado, só o podiam sentir com a mesma intensidade que experimentavam na compartilha deles mesmos. Olharam-se nos olhos compreendendo que nada importava, eles eram tudo e nada ao mesmo tempo. Quando se voltaram de novo para o mar, observaram as gaivotas que se comunicavam num som inquietante. Contrariamente a elas, a linguagem deles era o mutismo. Numa espécie de telepatia, foram percorridos em simultâneo por algo que os fez pensar que se o paraíso existisse, então estavam nos seus aposentes sublimes. E o paraíso era o agora, era aquele momento que ambos jamais esqueceriam.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hmm.. tá mt emotivo, digno dakeles romances de supermercado(espero k entendas isto num bom sentido (= )... Pah vê-se mm k tás cm a "vontade" ;)

Anônimo disse...

EH BONITO, ROMANTICO E INSPIRADO. TEM OS INGREDIENTES DA PAIXAO, DA SENSUALIDADE, E DA VIVENCIA OSMOZICA QUE SOH ACONTECE NA JUVENTUDE. FAZ PARTE DE UM AMADURECIMENTO DE CORPO E ALMA. EH NECESSARIO PARA A CONJUGACAO DOS PLANETAS E PARA O BRILHO INTENSO DA ESTRADA DE SANTIAGO. GOSTEI DO SABOR LITERARIO, DA EXPRESSAO PSICOSOMATICA, VUNERAVEL E MISTERIOSA.
JV 1-15-06