domingo, março 26, 2006

Mito do fim

Fim. Mas que fim? Fim do quê?
Não sei, não faço ideia. Dizemos que é o fim quando qualquer coisa acaba. È caricato, pois nem nós mesmos temos essa percepção, mas dizemos que findou.
Bem ou mal, qualquer pessoa tem um fim delimitado por si mesmo. Bem ou mal, todos sabemos exactamente que fim quereríamos. Sobretudo, bem ou mal, antes de qualquer fim há sempre um começo, nem que seja um pseudo começo. Nascemos com um tempo restringido, em que cada um dá tempo ao seu tempo. Lutamos como verdadeiros guerreiros, no fundo para prolongar o tempo do fim. Mas esse tempo é ingrato (parece descabido chamar ingrato a uma coisa sem matéria, o que não o deixa de ser…). Somos nós que fazemos o nosso tempo, dando-lhe uma vida própria imbuída por um Eu muito particular: o nosso Eu.
O nosso tempo de antena, não é mais do que a relação que estabelecemos entre o outrora, o ontem e o agora. O amanhã virá por arrastamento. Muitas vezes, nem sequer há relação a estabelecer e, se a há, é forçada. Passamos uma Vida a fazer planos, a tentar prever o amanhã e quando finalmente o amanhã chega, perde o encanto pura e simplesmente porque foi friamente delineado.
A essência não tem fim, porque o fim não tem que ser a impossibilidade de passar à fase seguinte. O fim é o fim e ponto final ou o fim está para além de qualquer coisa que possamos imaginar? Complicado retorquir, complicado congeminar. Sim, complicado. Por agora, jamais para sempre. Fita o horizonte e respira… Depois vai. Para onde não interessa, o que importa é ir e não voltar. Adeus? Não… claro que não! Apenas até depois.

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