quinta-feira, dezembro 15, 2005

Tempos de vanglória...


Bem, hoje reencontrei-me, novamente, nos meus oito anos. Houve naquele gesto um recordar inevitável de uma criancice paradoxalmente igual e diferente de mim. É um pouco estranho ter-me sentido como antes pois, cresci, passaram muitos Natais por mim, mas no fundo o Pai Natal ainda continua bem acesso cá dentro. A verdade é que cobicei desesperadamente um outrora.Adiante, o motivo de tal nostalgia foi o facto de ter recebido, com muito agrado, uma prenda de Natal (merci cherry). O meu comportamento estaria simplesmente retratado na euforia de quem acaba de também ser lembrada em mais uma época festiva, já embebida, por de certo, na contenção típica que está na mania de ser crescida, em não poder berrar e dizer: obrigada! Saltando-lhe para o pescoço, sugando-lhe toda e qualquer réstia de bom senso, querendo devorar de imediato o papel de embrulho. Porém, não o fiz, de todo. Com toda a franqueza, aquilo que eu mais gostava, em tempos, não era da época em si, do espírito de solidariedade, de ser uma época dominada pelos seus enfeites típicos e delícias requintadas. Tudo isso me passava literalmente indiferente. Por insensibilidade, crueldade, frieza? É possível. Na verdade, ficava extasiada quando recebia prendas. Por isso, hoje tal como foi sempre habitual em mim, não me contive e quando cheguei a casa, tive de abrir, descobrir o que estava para lá de um embrulho. Aquele nervoso miudinho não era pelo que lá pudesse estar, era por mim, era por eu saber que por muitos presentes que receba, por muitos Natais que passem, tenho pouca resistência no que toca a esperar pelo dia certo. Nunca consegui, não consigo e, muito dificilmente conseguirei, esperar por um amanhã tendo as coisas hoje nas mãos. Amanhã não seria a mesma coisa, amanhã não é a mesma coisa, única e simplesmente porque é amanhã.


2 comentários:

Anônimo disse...

Uma prenda sentida, dada por gosto e com coração, transmite bastante bem o espírito de natal. é uma prova sentida de carinho, significa que ocupas um lugar de destaque no coraçao de alguém, que definitivamente não se esquece de ti.

Anônimo disse...

Bem, miuda, só uma pessoa com uma sensibilidade agudizada como a tua, para escrever um artigo assim!!!!
Tu consegues demonstrar essa criança q continua sempre viva em nós, apesar de o nosso BI já acusar o contrario!!!!
É sempre muito bom começar a ler os teus artigos, pois nunca sabemos a partida até onde ele nos vais transportar!!!!
Enfim, a unica coisa que te peço é que continues a nos brindar com mais e mais artigos!!!!
Beijinhos....