segunda-feira, outubro 02, 2006

Reminiscências

Abri a porta do frigorífico procurando algo consistente que desse resposta ao apelo do meu estômago. Acabei por pegar num pacote de leite com chocolate. Agora que estou mais reconfortada, a minha mente traz-me à baila recordações deste Verão. Não sei por que estou a pensar nisto. Mas a verdade é que estou.
O Verão é, efectivamente, a época por excelência de mais emoções. Não em quantidade mas em intensidade. Há coisas típicas que não se repetem em mais nenhuma estação do ano. Vivi o Verão dos meus dezoito anos. Não é que tenha sido muito diferente dos outros, mas houve algo que mudou. Algo que não sei precisar, apenas sentir. Noites aparentemente tão normais de copos com os amigos, rostos comuns, coisas frágeis e menos frágeis; tudo isto fez parte do meu Verão.
Existem alturas em que pensamos com a cabeça, somos fortes, muito fortes, mais ainda do que julgamos ser. Outras há que o coração é arrebatador, prende-nos a alguma coisa, não necessariamente a uma pessoa. Ficamos presos, não sei muito bem a quê, a quem, nem porquê. Depois tudo passa, vai num sopro, viaja para longe. Julgamos ter encerrado isso num caixote. Porém, talvez não esteja assim tão bem encaixotado ao ponto de ser invadido pelo pó das nossas lembranças. Reminiscências que ficam, pessoas que vão e que voltam. Talvez vão para nunca mais voltar. Não importa o percurso que tenham, o que importa é que na sua rota pararam por perto. Agora o mundo continua a girar e o cérebro encarregar-se-á de completar as coisas que surgem ás metades.

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